
EL PAN ALIMENTA, LA LECTURA EDUCA.
CRÓNICAS Y COMENTÁRIOS
PREFACIO
Durante o transcurso da minha vida, tive oportunidade de viver épocas boas e épocas más, aliás, como sucedeu e sucede à totalidade da raça humana. Durante as épocas boas, porque são boas, passam depressa, e uma pessoa nem tem tempo para desfrutar da sua benignidade, pelo menos, dá essa impressão; por quanto as épocas más, porque são péssimas, demoram muito em passar, dando pé para gastar rios de tinta em comentários críticos dirigidos a políticos, governantes, sociedades, empresas e tudo e todos quanto seja digno de crítica, no momento oportuno.
Quero com isto, justificar todos textos que compõem este livro, que não é mais que um diário crítico, que os traslada as minhas opiniões num determinado momento sobre um determinado tema ou pessoa nesse momento da minha vida e num determinado lugar.
Não é que tenha algum valor literário, até porque os meus conhecimentos didácticos não me permitem dar o toque de subtileza linguística que exigem os cânones da Real Academia da Língua Portuguesa ou Espanhola, mas os acontecimentos, as situações, os comentários a factos de uma época passada, penso que servem para recordar certos panoramas específicos num determinado momento da vida pública do país em referencia.
Porque cada tema faz referencia a uma data passada e a um tema de interesse público nessa altura, clarifico em chamada aparte ao final do texto, a razão do meu comentário, a data e onde o escrevi.
Muitos dos temas que exponho neste livro, estão escritos em espanhol. Devo informar-lhes (àqueles que desconhecem a vida do autor deste livro) que nasci em Portugal, onde aprendi a dar os primeiros passos, a balbuciar as primeiras palavras, a sentir amor pelas coisas que me rodeavam e a ser patriota, mas quando apenas tinha 24 anos, fugindo da fome e da escravidão, rompi o silencio da minha miserável vida fugindo a Espanha em busca de liberdade, trabalho e amor. Foi ali donde escrevi a minha melhor poesia e os meus apontamentos literários. Quase tudo quanto escrevi, o bom e o mau, foi escrito em Espanha e em espanhol, por isso, aparecem neste livro temas em castelhano e outros em português.
Porque não tenho interesse algum em que sejam publicadas as minhas obras, (até porque não têm qualidade nem técnica literária para isso) não me preocupei em traduzir os temas que tenho em espanhol ao português; assim como os tenho nos meus manuscritos, assim os exponho neste livro.
Pretendo com este livro, deixar a semente literária familiar nas mãos de algum descendente que viva ouque venha a viver nos séculos futuros, para glória das letras portuguesas.
Sem dúvida, que algo há de legado literário na minha família. José Alves dos Reis, que nascera em Valongo
e ali vivera no século XVIII, foi considerado poeta pela sua geração, e ainda hoje se reconhece a sua obra pelo livro escrito pelo Padre Joaquim Alves Lopes Reis sobre a Vila de Valongo, donde num dos seus capítulos sobre a gente ilustre da vila, fala do meu bisavô. Textualmente, comenta o autor do livro "A Vila de Valongo" no capítulo sobre os seus homens ilustres, que natural da vila fora o famigerado e popular poeta repentista José Alves dos Reis, cuja vida acidentada era muitas vezes objecto das suas interessantes conversações. Fazia com facilidade versos a tudo e a todos, que ora cantava, ora ridicularizava com a sua graça extraordinária.
Já no século XIX, a minha avó Anália Alves dos Reis, filha do mencionado José Alves dos Reis, era reconhecida na vila pelos seus dotes poéticos, herdados do seu pai. Neste caso, eu mesmo sou testemunha do facto. Quantos poemas e sonetos escreveu a minha avó a pedido de raparigas enamoradas, de rapazes ansiosos por declararem-se à sua amada, em troca de uns tostões daquele tempo!... É certo que tanto o meu bisavô como a minha avó, não tinham formação
didáctica para uma literatura poética com técnica, mas havia neles, no seu interior e na sua vocação literária, o sopro de Apolo, o qual facilitava-lhes a composição poética rimada no momento da sua expressão. Sem dúvida, que o meu bisavô foi poeta na minha terra e a minha avó, a sua herdeira poetisa. Um
servidor, só será aquilo que os meus descendentes queiram que seja.